Muito provavelmente você já ouviu falar bastante em Didática. O termo “didática” é, talvez, um dos mais utilizados no ambiente educacional, seja na escola, em ONGs ou nas organizações. Com frequência dizemos que um livro é mais didático que o outro; que um determinado professor não tem didática; que o ambiente não foi planejado de forma didática. O cotidiano vai dando diversas novas interpretações para um termo bastante específico. O mesmo acontece com o termo “educação”.
Vamos começar entendendo o sentido do termo “educação”!
A educação pode ser percebida por diversas vertentes:
1. Vertente social
Nesta vertente, educação diz respeito à forma como uma sociedade se estrutura para transmitir seus bens culturais e valores: toda sociedade possui uma estrutura educacional implementada – algumas mais primitivas, outras mais sofisticadas.
2. Vertente individual
Na vertente individual, educação diz respeito ao processo de formação dos indivíduos.
Você deve imaginar que as pessoas normalmente atribuem à escola a responsabilidade pela educação. No entanto, o processo educacional acontece em diversos ambientes:
- Na família;
- Nos centros religiosos;
- Nos ambientes de lazer;
- No trabalho.
À escola cabe a responsabilidade pela organização estruturada dos bens que compõem o patrimônio imaterial de uma determinada sociedade, representados essencialmente pelos conhecimentos culturais, técnicos e científicos. A escola é, portanto, o ambiente educacional por excelência, mas a educação não é atividade “privativa” da escola. As pessoas se educam em diversos ambientes, dentre eles, no trabalho.
O ensino formal possui algumas características que os diferenciam (Malheiros, 2012):
- Intencionalidade;
- Sistematização;
- Organização;
- Relação social.
Brandão (1993) apresenta a seguinte definição para educação:
Educação aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da aventura de ensinar-e-aprender. O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da educação); cria situações próprias para seu exercício, produz os seus métodos, estabelece suas regras e tempos, e constitui executores especializados. É quando aparecem a escola, o aluno e o professor. (p. 23)
Didática, como campo específico da ciência que estuda a educação, é a disciplina que se interessa por compreender a relação entre ensino e aprendizagem.
Ensino e aprendizagem são processos distintos: nem tudo que ensino o outro aprende; nem tudo o que o outro aprende deve a alguém que o ensinou. O interesse da Didática é compreender a interseção entre ensinar e aprender.
Imagino que, pelo que falamos até aqui, você tenha percebido que a Didática é uma disciplina eminentemente prática. O centro de suas discussões está na abordagem metodológica. Ou seja, o desafio educacional, do ponto de vista da Didática, reside em formular hipóteses, testar e validar (ou não) a eficiência – e algumas vezes a eficácia – de um determinado método de ensino para um determinado conteúdo.
Além da Didática, a Pedagogia possui outros campos de estudo que lhe são específicos, como o campo que vai se interessar por compreender as especificidades da aprendizagem do adulto. A este campo, chamaremos de Andragogia, que será tema de outro artigo neste blog.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRANDÃO, Carlos R. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense, Coleção Primeiros Passos. 1993.
DEMO, Pedro. Educação Hoje. São Paulo: Atlas, 2009.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa.
São Paulo: Editora Paz e Terra, 2002.
LIBANEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública: a pedagogia Crítico-Social de Conteúdos. São Paulo: Loyola, 1990.
MALHEIROS, Bruno Taranto. Didática Geral. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
VOGT, Maria Salete. Os princípios andragógicos no contexto do processo ensino-aprendizagem da fisioterapia. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília. Distrito Federal: Unb, 2007.